Este blog chegou ao fim da sua vida !!!


Mas vai renascer com todos estes e muito mais posts em http://www.gemeo-singular.blogspot.com/, com nova imagem e novo nome.


Esperamos-vos lá!



LUTO INSONDÁVEL PRESO NUMA ESPIRAL DE AMOR SEM FIM

Veja no fundo desta página uma apresentação em 23 slides: a origem dos sentimentos que gémeos singulares relatam com mais frequência e uma descrição dessas sensações e emoções.



25 de julho de 2008

Esta é uma história de amor...

Uma canção de Adriana Partipim (animada por um fan, imagino) que, lida do nosso ponto de vista, dá uma ideia do sentimento de saudade e falta que gémeos sobreviventes muitas vezes experimentam. Ora vejam:

Há muitos mais cantores, poetas, e artistas de todo o tipo onde se pode ler nas entrelinhas a sua experiência como sobrevivente de uma gestação multipla. Só alguns nomes: Ian Curtis dos Joy Division, Robby Williams, Leonard Coen, Elvis Presley (o seu irmão morreu à nascença, ver aqui), e o grande poeta português Fernando Pessoa também tem todas as características...

Os vossos comentários são bem-vindos, podem mesmo dar a conhecer outros nomes que vos pareçam fazer parte desta lista.

21 de julho de 2008

Falar com os bebés

Um exemplo de como o tratamento precoce em gémeos sobreviventes pode salvar vidas, e prevenir distúrbios psico-somáticos:
Myriam Szejer, pedopsiquiatra, pratica há mais de dez anos junto de mães e bebés um tipo de terapia chamada de escuta pós-parto. É um tratamento através da palavra, indicado para prevenir ou curar doenças e alguns distúrbios somáticos ou funcionais dos recém-nascidos. Diz a pedopsiquiatra que “É importante falar com a criança de uma maneira geral porque se trata de um ser humano, envolvido pela linguagem e portanto ávido dessas palavras que o constroem, mesmo a nível inconsciente. Às vezes há verdades fundamentais que dizem respeito à sua história e que se torna essencial dizer-lhe o mais cedo possível, para evitar que ela sofra por causa delas. Essas palavras permitem à criança organizar suas percepções e dar-lhes um sentido.”
No seu livro Palavras para Nascer, Myriam Szejer relata o caso de uma gravidez gemelar em que havia uma malformação muito grave numa das gémeas. Segundo prognósticos médicos depois de nascer ela teria um curto período de sobrevivência. A interrupção in-útero da vida desse feto foi feita já tadriamente, tendo o feto morto permanecido no útero até ao nascimento por cesariana da irmã sobrevivente, que se deu 15 dias depois. Tal como previra a Dra. Szejer, a gémea sobrevivente, de nome Léa, teve sérios problemas logo após o nascimento: não se alimentava e quando era amamentada à força, regurgitava imediatamente, colocando em risco a sua própria vida.
O problema foi tratado num trabalho muito intenso, com muitas conversas com Léa. Como explica a pedopsiquiatra "No caso da morte de um irmão gêmeo durante a gravidez, é preciso explicar ao que sobreviveu que ele poderá guardar no coração a lembrança de seu irmão ou da sua irmã, mas que ele não o verá mais."
Em duas semanas a recém-nascida conseguiu assimilar a situação da falta da sua gémea, a sua própria situação de sobrevivente, e a dificuldade em se alimentar desapareceu. Ao ser ajudada a fazer o luto da irmã ela pode recuperar do choque que viveu ainda antes de nascer.

8 de julho de 2008

A silent Cry

A Conferência em Londres foi simultaneamente o lançamento do novo livro de Althea Hayton, A silent Cry, que reúne 70 testemunhos de gémeos sobreviventes. São pessoas originárias dos quatro cantos do mundo que tendo contactado a Althea via e-mail, aceitaram publicar neste livro, sob anonimato, as suas histórias pessoais. Para elas a publicação dos testemunhos resulta como uma atitude profundamente terapêutica, e para os leitores este será um material eventualmente esclarecedor, e com certeza fascinante. São pequenos depoimentos que relatam histórias de revelação, descoberta e cura.

A primeira parte apresenta algumas das muitas formas como um gémeo pode perder-se antes de nascer, e como alguns indícios do gémeo desaparecido podem ainda ser visíveis.
A segunda parte expõe as diferentes e muitas maneiras com que a perca pré-natal de um irmão gémeo pode influenciar atitudes, sentimentos e comportamentos.
E a terceira parte consiste em algumas histórias mais compridas que relatam o processo de cura experimentado por alguns indivíduos.

“Chegou o momento de contar ao mundo uma das maiores e mais bem guardadas histórias do nosso tempo: Os profundos efeitos psicológicos que os gémeos sobreviventes experimentam quando o seu irmão gémeo morre antes de nascer.” Althea Hayton

2 de julho de 2008

Notícias da 1ª Conferência

No passado dia 21 de Junho participei em Londres na 1ª Conferência anual da Wombtwin.com, com o tema Da Teoria à Terapia. Tive assim a oportunidade de conhecer pessoalmente quem está à frente desta organização realmente pioneira que investiga e apresenta pública das consequências pisco/emocionais que caracterizam os gémeos sobreviventes de gravidezes gemelares.

Acompanhados por de cerca de 30 participantes de diversas idades e nacionalidades, lá estavam Althea Hayton e Nick Owen, duas pessoas bastante diferentes que se completam no modo como abordam o trabalho acerca de gémeos sobreviventes. Ela com a busca minuciosa da evidência científica e dos dados estatísticos, e ele mais com uma observação do ponto de vista psico-emocional; gente que assume com consistência a sua razão, que se apresenta com uma invejável segurança no futuro e uma alegre tranquilidade no presente.

Althea Hayton falou dos efeitos físicos e psicológicos de ser gémeo sobrevivente de uma gravidez múltipla, apresentando ao seu modo transparente e objectivo um powerpoint, a consultar aqui.

Nick Owen apresentou de um modo mais poético a questão da busca de uma terapêutica adequada para gémeos sobreviventes. Encontrar um terapeuta preparado para trabalhar com sobreviventes de gravidezes gemelares não é fácil, é ir contra a maré, há demasiado conhecimento, demasiados factos que se opõem a essa "hipótese". Como afirma Nick "A Sociedade tem um bloqueio em relação a aceitar as vivências pré-natais, e nós próprios, os gémeos sobreviventes, temos esse bloqueio em nós, lutamos com ele diariamente. Precisamos como terapeuta de alguém muito especial, porque o nosso é um problema muito especial".

Para dar resposta ao trabalho psicoterapeutico no âmbito do trauma pré natal, como é aqui o caso, ficou bem clara nesta conferência a necessidade de uma evolução nas psico-terapias. Segundo John Rowan, o palestrante que falou do papel do gémeo desaparecido na psicoterapia pré e peri-natal, "entrar no pré-natal implica entrar nos níveis subtis do transpessoal, do simbólico, e isso aponta para um trabalho com o uso de rituais e o trabalho com imagens".

Para além dos assunto apresentados pelos especialistas, os temas que vieram à baila nas discussões participadas pelos presentes foram igualmente atraentes. Nesses debates, e também nos intervalos, todos aproveitaram para trocar experiências e vivências pessoais, o que criou um clima de união, como se aquele evento fosse uma festa entre amigos que há muito tempo não se viam. Pode ler aqui (em inglês) alguns comentários dos participantes, registados no final do dia.