Este blog chegou ao fim da sua vida !!!


Mas vai renascer com todos estes e muito mais posts em http://www.gemeo-singular.blogspot.com/, com nova imagem e novo nome.


Esperamos-vos lá!



LUTO INSONDÁVEL PRESO NUMA ESPIRAL DE AMOR SEM FIM

Veja no fundo desta página uma apresentação em 23 slides: a origem dos sentimentos que gémeos singulares relatam com mais frequência e uma descrição dessas sensações e emoções.



25 de maio de 2010

Segundo Aniversário

Hoje este blog faz dois anos.

Para comemorar esta data decidi mudar para uma imagem mais luminosa, de mais esperança no futuro, e principalmente de mais vida.
Além disso também mudei o nome de Gémeos Sobreviventes para Gémeos Singulares (http://www.gemeo-singular.blogsopt.com/), por neste momento me parecer uma designação mais acertada. Afinal a palavra sobreviventes é demasiado conotável com sofrimento vitalício... quero dar mais liberdade de escolha a esta condição; singular não é mais que o inverso de plural ou dual!

Ao longo destes dois anos o meu grande objectivo tem sido, e vai continuar a ser, de contribuir, de uma maneira muito espontânea e pessoal, para a divulgação deste que é um segredo muito bem guardado... uma nova perspectiva sobre as características da psique e das emoções humanas...

Falo do que sinto e do que observo, do que me dizem, do que leio, etc., etc. E aceito propostas de posts de quem quiser contribuir; é só escrever para wombtwin.pt@hotmail.com.

Faço-o para todos aqueles que sentem curiosidade, que procuram saber mais sobre o que são e como sentem os gémeos singulares, ou para quem, por acaso, aqui vêm parar...

E tenho muito gosto em fazê-lo, é um prazer, uma paixão!

24 de maio de 2010

Grito IV

Tenho 48 anos e durante todo este tempo senti sempre uma solidão muito grande, não sei fazer nada sozinha, ao ponto de me zangar comigo mesma por não conseguir fazer as coisas mais simples da vida sozinha, como ir às compras, ao cinema, à praia, até uma pequena viagem de 20 minutos de carro.
Só ontem, numa constelação familiar, descobri que sou uma gémea sobrevivente, e percebi agora o porquê de tanto sofrimento!

E como foi bom ter essa consciência e fazer uma vénia a esse embrião que não sobreviveu e que me deu a vida.
Agora sei que tenho de o libertar de mim e dar uma oportunidade a mim mesma de viver sozinha….
Edite Feiteiro

20 de maio de 2010

EU SOU NUVEM PASSAGEIRA

Mais uma canção que dá voz ao gémeo perdido... (assim como a que foi referida no dia 11 deste mês)

19 de maio de 2010

Vizinhos de Útero

Histórias de gémeos adultos vivos, a sua relação, as suas alegrias e tristezas

Vizinhos de Útero é um blog criado por Jemima Pompeu, uma brasileira de São Paulo, a gémea da esquerda na foto.
Hoje ambas têm 41 anos, no entanto na sequência do caminho que a sua vida tem levado no que respeita à sua irmã, Jemima entende o sofrimento dos gémeos singulares.

Neste relato Jemima explica-nos gentilmente o que a levou a criar o seu blog (para conhecer toda esta história clique aqui, e veja uma entrevista sua):

Somos gêmeas bivitelinas e na infância éramos muito unidas, tínhamos sintonia e cumplicidade. Mas, na adolescência ela aproveitou a oportunidade para morar com meu irmão nos Estados Unidos e eu escolhi ficar.
A partir daí, perdemos aquela sincronia gemelar. Naquela época não tinha internet. Nosso contato era raro. Aos 21 anos ela voltou noiva, eu já estava casada. Tanto ela quanto eu - éramos pessoas diferentes. A vida tinha mudado muito para ambas. Logo em seguida ela casou e eu me separei. Com o divórcio decidi morar no Paraná e ela ficou em São Paulo. Então, não tivemos mais a oportunidade de conviver. Não tínhamos mais assuntos comuns para compartilhar, não tivemos interesse em acompanhar uma a vida da outra. Quando voltei pra São Paulo em 2006, ela tinha se mudado com o marido e filhas para Miami. Nossa vida é marcada por desencontros.
Durante muitos anos eu não entendia essa distância emocional, essa enorme lacuna que ela deixou em mim. Mas hoje eu compreendo que não foi intencional nem proposital.
Eu a amo incondicionalmente, mesmo tendo uma relação superficial. Não é porque não falamos o mesmo “idioma” que devemos cultivar mágoas. Não há rancor.
E justamente por estar liberta deste conflito, senti-me preparada para criar o Vizinhos de Útero e compartilhar minha história com os demais gêmeos.
Consulte também http://www.vizinhosdeutero.blogspot.com/, ou em Twitter: @vizinhosdeutero


E no cabeçalho do seu blog Jemima escreve:
Você procura seu irmão (a) gêmeo (a)? Envie sua história por e-mail e deixe seus contatos. Seu recado é postado aqui, em 'PROCURO-ME'. Afinal, quem procura um irmão gêmeo, procura parte de si mesmo.

11 de maio de 2010

DJ Encore - On Your Own

Apesar de mais raras, podemos encontrar em manifestações artisticas de diversos tipos, nomeadamente na música, algumas referências ao sentir do gémeo perdido, daquele que se foi, do que desistiu do sonho de viver, daquele que decidiu partir para deixar espaço ao seu irmão sobrevivente.

Esta música e letra de DJ Encore (a primeira música da lista a tocar aqui no blog), tão emocional e melancólica, descreve uma comovente despedida.
Reparem na inevitabilidade do adeus apesar do vínculo amoroso... reparem no sublinhado...


A menininha que procuras já cá não está. Não lhe podes chegar, está fora da vista; desaparece lentamente na escura noite vazia onde costumávamos estar deitados; enquanto tu dormes eu sussurro-te: Adeus.
Porque nada permanece igual para sempre. Eu gostava de poder mudar por ti.

Vá, deixa-me
enquanto ainda podes, continua sem mim, tens que entender, é assim que eu sou. Por isso, boa noite, meu amor, agora ficas sozinho. Agora ficas sozinho.
A menininha que costumava dizer: eu nunca te deixarei, mudou de ideias, acordou do seu sonho sem fim. E no lugar escuro e vazio onde costumamos ir, quando hoje é ontem, saberemos que nada permanece igual para sempre. Eu gostava de poder mudar por ti.

Vá, deixa-me enquanto ainda podes, continua sem mim, tens que entender, é assim que eu sou. Por isso, boa noite, meu amor.
Espero que te sintas melhor, e talvez um dia possas entender, que nós estamos sós -juntos. Oh, meu amor, não fiques como eu…

Vá, deixa-me, continua sem mim enquanto ainda podes. Tens que entender é assim que eu sou, por isso, boa noite, meu amor, agora ficas sozinho. Agora estás sozinho.

19 de março de 2010

Um buraco na alma

Vem dá-me a tua mão, quero contactar com os vivos, não sei bem se entend0 o meu papel aqui... Sento-me a conversar com Deus, mas Ele só se ri dos meus planos, a minha cabeça fala uma língua que eu não compreendo...
Só quero sentir o verdadeiro Amor, o lar onde vivi, porque eu tenho demasiada vida a fluir nas minhas veias e a ser desperdiçada...
Eu não quero morrer, mas também não estou muito interessado em viver, antes mesmo de me apaixonar, preparo-me para deixá-la...
Tenho um Medo-de-morte, e é por isso que continuo a correr, vejo-me a caminho antes mesmo de chegar ao destino...
Eu só quero sentir o verdadeiro Amor, o lar onde vivi, porque eu tenho demasiada vida, a fluir nas minhas veias e a ser desperdiçada...
É que eu preciso de sentir o Amor verdadeiro, sentir a vida eterna. Nunca me chega o que tenho...
Eu só quero sentir o verdadeiro Amor, sentir o lar onde vivi, porque eu tenho demasiado amor, a fluir nas minhas veias e a ser desperdiçado...
Tenho um buraco na minha alma, podes vê-lo no meu rosto, é realmente muito grande...
Vem segurar a minha mão, eu quero contactar com os vivos...



Ver até ao fim!

10 de março de 2010

Grito III

Inefável memória


É ... um Ser..., uma ... criatura ...? Não, um corpo? Não! Não é uma mulher nem uma menina... nada disso! Não é uma figura, nem uma silhueta...; É uma presença! Sim é isso, uma presença… Imagine-se uma presença!

Não é uma pessoa, é uma presença, uma existência, uma … onda emitida por um conjunto de matéria que agrupada daquela maneira, e só daquela maneira, resulta daquele modo.


Não vem de fora, não é um olhar, nem um modo de estar... Não sei o que é...


Imagine-se algo indescritível como o cheiro de um perfume… mais o cheiro só, nem sequer se pode falar de perfume. Um sentimento como o que advém de um cheiro forte. E esse cheiro por sua vez desprende-se de uma presença… que se vê, que se ouve, que se sente, mas que não tem nome nem designação, porque o tal sentimento apaga qualquer referência.


Um sentido que tem a ver com a alma, não tem a ver com factos, portanto não tem a ver com a matéria, ... e no entanto é físico com certeza, se é um sentido, neste caso o olfacto.


Mas não é o ser um cheiro que interessa, é algo de indescritível como o é um odor que paira no ar, que se desprende daquela presença, que é tão forte que apaga os seus traços. Os traços físicos como os mentais, os racionais.

Só resta a irracionalidade, o descontrolo, perde-se a razão … e tudo o que era deixa de ser.


Salomé

12 de fevereiro de 2010

Memória corporal


Pierre-Yves Diacon autor e interprete desta peça de dança contemporânea, é gémeo sobrevivente. Aqui "fala" a sua memória corporal... alguém conhece isto???




"Saber desde sempre que tive um gémeo deu-me um chão onde firmar os pés; suavisou uma ferida profunda, mas claro, não a curou. Canalizou uma obsessão; deu forma, identidade e reconhecimento à exaltação dentro de mim; revelou-me aos meus próprios sentimentos; deu um melhor-amigo cá dentro.

No meu caso, sinto mais melancolia do que depressão e culpa, embora esses dois aspectos me façam uma visita de tempos em tempos, sob diversas formas e disfarces. Com melancolia quero dizer: uma tristeza profunda e tranquila como um oceano onde se pode nadar, mas onde podemos afundar-nos se ficarmos demasiado tristes..."

Pierre-Yves Diacon

13 de janeiro de 2010

Gémeo reencontrado

Alfred Austerman é psicólogo, naturopata, com várias formações das terapias corporais e trabalha há muito tempo com gémeos sobreviventes. Facilita regularmente Workshops específicos nesta matéria em Berlim e Paris.
O trabalho realizado nestes Workshops de fim de semana recorre a métodos diferentes da constelação familiar, trauma-terapia energética, terapia corporal biodinâmica e rituais xamânicos, conforme o que é necessário. Uma outra das suas técnicas de trabalho é o Aqua-release. Num ambiente protegido e respeitoso dá-se espaço para a cura.



"Chega um momento que é preciso deixar ir, soltar-se do outro, por exemplo, num ritual de despedida, um funeral. Isto é necessário para que o choque sofrerido quando o outro desapareceu possa ser curado. Para poderem sentir-se inteiros na vida quotidiana sem o outro e sem sentimentos de culpa em relação ao outro, é necessário fazer um processo de cura aos níveis corporal e energético. O vazio energético, causado pela perda do outro pode assim sarar."

8 de janeiro de 2010

Amor ex-gemelar...

Este video fala por si. Uma jovem faz uma declaração de amor à sua amiga, amor fraterno, amor gemelar como ela tão bem reconhece.
Para quem não sabe reconhecer a diferença esta declaração, cheia de ternura e inocência, confunde.
É uma fronteira delicada, mas não me parece que se trate aqui de amor homossexual. A minha hipótese é de que a menina que criou o vídeo seja uma gémea sobrevivente que está a preencher o espaço deixado pela sua irmã gémea com esta amizade. Será essa a razão que a leva a exacerbar o sentimento de pertença, e a faz sentir um amor tão perfeito e sublime pela amiga?
Vale a pena comparar com o post Gémea para todo o sempre onde uma jovem que perdeu a sua irmã gémea descreve os seu sentimentos.
Até a letra da música tem a ver com a perda!

4 de janeiro de 2010

O advento da epigenética

Nos passados dias 2 e 3 de Janeiro a RTP2 passou os dois episódios do documentário "Twins" da BBC. O documentário, que resulta de um estudo cientifico envolvendo 10 mil gémeos, questiona aquilo que constrói a nossa identidade.
A partir do estudo de gémeos idênticos os cientistas observam o que faz com que esses irmãos gémeos tenham desenvolvimentos diferentes, já que a sua informação genética é exactamente igual. O estudo consiste em entender de que modo eles estão destinados a ter vidas idênticas ou até que ponto o meio ambiente pode ligar e desligar determinada informação genética e alterar os seus percursos de vida.

Devido à possibilidade de acompanhar com tanto pormenor a gravidez, através das ecografias 3D, os investigadores conhecem cada vez melhor o que se passa durante a vida intra-uterina. Hoje em dia eles sabem que, sendo um espaço pequeno, o útero oferece um mundo de possibilidades, e que os gémeos apesar de partilharem esse mundo podem ter vivências muito diferentes, e consequentemente desenvolvimentos muito diferentes mesmo antes de nascerem.

A epigenética é uma área de estudo que se debruça sobre a influência que as experiências de vida e o ambiente em que uma pessoa se move exercem sobre a disposição genética desse indivíduo.
É o perfil epigenético que é diferente nos gémeos idênticos, conforme o que vivem a expressão dos seus genes é modificada por agentes que os ligam ou desligam.
A Epigenética é tão revolucionária que está a mudar o modo como os cientistas vêem as mais conhecidas e debilitantes doenças. O Prof. David Leslie, geneticista que estuda há longos anos o genoma humano, afirma que depois de estudar os gémeos se tornou um não-geneticista pois compreendeu que não são os genes que nos trazem as doenças mas sim a interacção do ambiente com os genes. Essa interacção é que é importante.

E eu pergunto: se o ambiente vivido dentro do útero envolve por exemplo a morte de um outro embrião gémeo, não podemos esperar do sobrevivente uma profunda e elementar modificação epigenética do seu genoma original? E se essa modificação se deu devido a uma ocorrência externa, não será ela reversível?

Entre os vários casos apresentados destaco ainda a observação da sincronicidade a nível corporal entre gémeos idêncicos. É relatada a história de dois irmãos idênticos que apesar de terem optado por estilos de vida opostos (um alimentava-se de modo muito saudável e era fisicamente activo e o outro era sedentário e comia "mal") ambos sofreram de problemas de coração no mesmo local e do mesmo tipo. Como será isto possível? Como este documentário não inclui a dinâmica psicológica a questão fica no ar. No entanto eu arrisco: estarão eles ligados a nível emocional a ponto de o irmão saudável ter sido influenciado pelo irmão doente a, por amor, desenvolver a mesma doença?

Aqui uma explicação clara do que é a epigenética (apesar de ficar aqui esquecida a vivência pré-natal):