Está quase a fazer um ano que descobri que no início da minha gestação eu não estava sozinha; estava lá mais alguém comigo, que depois desapareceu. As provas da minha condição de meia-gémea têm-me acompanhado durante toda a vida de forma latente, dando-me bastantes “dores de cabeça”.
Ao tomar consciência deste acontecimento, nos primórdios da minha vida, fez-se luz no meu espírito: então "caiu a ficha", e comecei a compreender-me melhor. Com o passar dos meses, aos poucos, dou-me conta de que me vou libertando de algumas limitações que me apoquentavam desde há muito. Finalmente posso desfrutar em consciência das alegrias, igualmente latentes, que o facto de ter sido gerada a partir de uma gravidez múltipla me traz.
Este poema, que escrevi com 17 anos, descreve um dos momentos em que a sensação de ser meia-gémea se declarava explicitamente:
Tenho andado agitada
disfarçada de doente.
O Natal não curou nada
nem sequer a própria mente.
Devia trazer felicidade,
paz de espírito, tranquilidade.
Não trouxe senão perguntas,
e comida sem vontade.
Criou um buraco fundo
pedindo pr’a ser tapado
com algo que não existe
mas devia ter cá estado.
Parece aquela saudade
dos fadistas portugueses,
mas como, e de quê? ,
pergunto eu tantas vezes.
Uma saudade assim,
sem ter princípio nem fim,
sem razão nem dimensão…
Isto mesmo... só a mim!
Veja no fundo desta página uma apresentação em 23 slides: a origem dos sentimentos que gémeos singulares relatam com mais frequência e uma descrição dessas sensações e emoções.LUTO INSONDÁVEL PRESO NUMA ESPIRAL DE AMOR SEM FIM
19 de setembro de 2008
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