Este blog chegou ao fim da sua vida !!!


Mas vai renascer com todos estes e muito mais posts em http://www.gemeo-singular.blogspot.com/, com nova imagem e novo nome.


Esperamos-vos lá!



LUTO INSONDÁVEL PRESO NUMA ESPIRAL DE AMOR SEM FIM

Veja no fundo desta página uma apresentação em 23 slides: a origem dos sentimentos que gémeos singulares relatam com mais frequência e uma descrição dessas sensações e emoções.



23 de outubro de 2008

Lidar com o luto

Uma carta de Eloïse, membro da Associação wombtwin.com a uma mulher desesperada pela dificuldade em lidar com o sofrimento que a invade quando pensa na sua irmã gémea que, há pouco tempo, tomou consciência ter perdido no início da sua gestação.

Cara amiga

Ai, aquele vazio e aquela perda... são tão profundos... e talvez nunca possam vir a ser preenchidos, mas realmente acredito que em grande medida podemos curar-nos.

É natural que sinta a dor e a tristeza - está reviver as emoções da sua vida intra-uterina e são tão intensas porque, como sabe, morreu ali uma parte de si... a sua amiga mais chegada, a sua alma gémea, ... Acredito que temos de ser nós a preencher esse vazio a partir de nós próprios; não podemos esperar que alguém o venha preencher desde fora.

Reservarmos um cantinho nos nossos corações para o amor por aqueles que são e serão sempre os nossos companheiros de espírito mais próximos, não tem mal nenhum.

Descobri acerca dos meus companheiros de ventre perdidos (irmã idêntica e irmão fraterno) há aproximadamente 7 anos, por N.E.T. (quinesiologia). Tem sido uma grande viagem. O que tenho aprendido é que provavelmente é mais curador não estar à espera de uma espécie de ponto final. É uma viagem da aceitação que tem muitas curvas e solavancos, há períodos de grande alegria e uma sensação de unidade, e logo o contrário. Tenho de admitir que ainda estou a lidar com a minha vivência no ventre e a aprender cada dia mais... mas sei agora que é antes de tudo, e em primeiro lugar, uma questão de saber perdoar-se. Ainda estou a trabalhar nisto!!! Conseguir perdoar-se a si próprio é parte integrante da história, tenho a certeza, porque penso que a maioria sente várias formas de culpa-de-sobrevivente. Lembro-me que no passado me foi útil pensar que a nível espiritual houve um momento em que cheguei a um acordo com os meus trigémeos. Foi em conjunto que decidimos o caminho que as coisas deviam tomar, e assim não há necessidade de me sentir culpada por estar viva.

A perda é enorme, mas penso que quando compreendemos a relação que temos com os nossos gémeos 'perdidos', podemos aceitá-la. Eles estão lá para nós quando precisamos deles (não estão realmente PERDIDOS, apenas partiram nas suas próprias viagens) – e penso que através deles temos o dom de conseguir explorar outros mundos.

Trata-se de conseguirmos encontrar aquela parte de nós próprios – chamem-lhe intuição ou uma empatia assombrosa que muitos de nós têm, ou uma orientação mais alta – que eu penso ser a nossa conexão aos nossos gémeos e múltiplos. Eles falam-nos através dessas coisas, para alguns será talvez a natureza, a criatividade para outros, seja o que for será algo que nos faz entrar em contacto com aquele conhecimento interior de que existe ali algo maior do que nós... bem, isto é como o vejo... Estamos cá para compartilhar o dom de termos experimentado esta breve conexão profunda, e logo aprendermos a transportá-la para as nossas vidas possivelmente através do nosso trabalho, dos nossos amores, das nossas crenças espirituais, etc.

Ser capaz de partilhar a vida com os demais sem deixar que a nossa vivência no ventre tome conta de tudo é algo de tão complexo! Continuo a trabalhar nisto diariamente!!!

Você encontrará um modo de comunicar-se com a sua gémea. A escrita, o desenho, o exercício, a marcha na natureza, a natação, a dança, a música, o canto, etc. A escrita com a mão não-dominante pode ser um grande método de deixá-la falar-lhe. Fale com a sua gémea, dê-lhe um nome, faça o luto por ela, faça-lhe um funeral, e a parte mais difícil está em deixá-la ir no sentido de lhe permitir viver a SUA vida, sabendo que ela quereria que fosse muito feliz aqui na Terra.
O meu conselho é que deve permitir-se sentir tudo - grite tanto quanto precisar de gritar, bata em almofadas ou algo assim, faça algum exercício se puder, mova-se um pouco ao ar livre... mas antes de tudo assegure-se de que toma todo o cuidado consigo, que se trata com respeito, como o faria com alguém em aflição. É realmente importante saber honrar o que está a sentir, e como as ondas no oceano, lá virá um dia em que se sentirá mais calma. Tome o tempo que for necessário. Lembro-me de que nalgum momento na minha viagem imaginei-me como uma criança que eu acarinhava, a quem ternamente dizia que estava tudo bem, estava em segurança, era amada etc. ... Faça o que lhe parecer adequado para si - você saberá. Confie no seu instinto, ninguém mais pode saber como é melhor para si.
O luto é uma coisa tão pessoal para todos nós. Só você saberá como lidar com ele porque você é uma SOBREVIVENTE. Você é forte.

Estamos todos no mesmo barco, possivelmente em etapas diferentes das nossas viagens, desejo-lhe o melhor para a sua. Seja meiga para consigo,
Eloïse

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