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Mas vai renascer com todos estes e muito mais posts em http://www.gemeo-singular.blogspot.com/, com nova imagem e novo nome.


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LUTO INSONDÁVEL PRESO NUMA ESPIRAL DE AMOR SEM FIM

Veja no fundo desta página uma apresentação em 23 slides: a origem dos sentimentos que gémeos singulares relatam com mais frequência e uma descrição dessas sensações e emoções.



16 de junho de 2008

Ressentimento ou raiva constantes

O Sonho do Ventre é uma impressão vaga e inefável, uma memória perdida, que permanece profundamente implantada na parte mais primitiva do nosso cérebro. Não sendo exactamente um sonho, esta é a palavra mais adequada para descrever o que obviamente está além das palavras.
Os psicólogos, embriologistas e terapeutas de várias disciplinas têm vindo a debruçar-se sobre os efeitos da experiência pré-natal na mente de cada indivíduo e hoje muitos já estão convencidos que todos nós transportamos uma impressão da nossa vida antes do nascimento.

Um aspecto interessante do Sonho do Ventre do gémeo sobrevivente é a necessidade de manter vivo aquele sonho, pois é lá que se encontra o seu irmão gémeo perdido. Mas a consequência disso não é apenas solidão e abandono, o ressentimento ou a raiva são forças destrutivas que também consomem lentamente muitos sobreviventes.

O ressentimento é aquela sensação que surge na sequência de Grandes Males. Com uma sensação constante, secreta e inquieta de ressentimento a pessoa é levada a dirigir, no seu dia a dia, um montante incrível de energia para esse sentimento.
• podemos ressentir-nos de algum dano no passado ou algo de que fomos vítimas;
• podemos ressentir-nos do facto de que algo é injusto;
• podemos ressentir-nos de alguém que simplesmente não entende como nos sentimos;
• podemos ressentir-nos do mundo ser como é, cheio de dor e sofrimento.

O ressentimento é poderoso porque contém a zanga e o sofrimento - tem um cunho de auto-preservação; sente-se digno porque há que proteger os direitos de alguém; ou, sente-se absolutamente autêntico porque aquelas sensações são muito verdadeiras.

E se na realidade perdemos mesmo alguma coisa? e se houve uma luta entre a vida e a morte? E se o mais débil realmente faliu? E se a nossa vida veio à custa da vida de alguém outro? E se o que nos retém for a culpa de ter sobrevivido?

Outros passam de uma depressão profunda para uma raiva tal, que atacam tudo e todos sem se preocupar a quem prejudicam. A mensagem é clara; "quero que o mundo sinta a minha dor!"

Esta raiva vem da expressão directa da rejeição pré-natal. Não foi a mãe quem nos rejeitou, foi o irmão gémeo por desaparecer simplesmente. A resposta típica a esta sensação de rejeição e traição é entrar em colapso, desamparo e desesperança, enfurecer-se contra o outro e contra a injustiça do mundo, e/ou recusar simplesmente implicar-se na vida.

Ao nível emocional, a raiva é uma resposta desolada, solitária e apavorada ao Buraco Negro, onde lhe foi originalmente feita uma promessa de luz e amor. Aquela promessa brilhante da vinculação com o irmão gémeo (a vinculação mais próxima que existe na natureza) não foi cumprida, deixando só escuridão: - um sentido de falta, de perda e de vazio.

Esta raiva actua de modo alienado mas não é louca. Pode ser entendida. Ela é uma raiva contra a Natureza; contra Deus; contra o modo como as Coisas São. A vida é simplesmente inaceitável - não suportável - sem Outra Metade. Como Narciso, que viveu até a sua morte na contemplação arrebatada da sua imagem reflectida, ignorando amor e vida, o sobrevivente idêntico parece-se com um zumbi, só meio-vivo.

Para o sobrevivente o ressentimento ou a raiva são provavelmente o único modo de exprimir na vida aquelas suas sensações originais. Estes sentimentos parecem incontornáveis mas podemos curá-los. Apenas temos que acordar para realidade, para o calor da nossa vida depois do nascimento: que estamos rodeados do amor, de gente que deseja ser nossa amiga; que ninguém está a tentar prejudicar-nos; que a dor é nossa, não é uma dor que nos está a ser imposta.

Quanto mais tempo levarmos a perdoar, a deixar ir, e a rendermo-nos pacificamente ao modo como as coisas são, mais tempo viveremos em dor e solidão.

Você está a criar a sua dor e só você pode curá-la, simplesmente desculpando a privação que lhe coube nesta vida.

Keeping the dream alive, Constant, secret, seething resentment, The rage of the identical wombtwin survivor

1 comentário:

Jason Jeffery Baker disse...

Gosto dos textos que escolheste Claudia. Acho que este tema podia ser ainda mais divulgado. Abraço Jason